A escrita da fome no Brasil: entre a letra e a ação
Este estudo pretende ser uma contribuição historiográfica sobre a fome no Brasil. Dessa forma, buscamos compreender a história da fome no Brasil a partir de algumas formas de escrita (literatura, imprensa e relatórios técnicos) entre o final do século XIX e a primeira da metade do século XX, atentando para o modo como essas formas dão a ver a fome e o faminto na observação de experiências de uma escrita da fome no Nordeste. A partir dessas formas escritas, a pesquisa visa pensar como diferentes sensibilidades sobre a fome foram construídas historicamente no Brasil e como elas orientaram políticas públicas, culturais e pedagógicas. Esse esforço se torna relevante, uma vez que se observa, por exemplo, uma mudança no trato com a fome entre as produções estéticas na virada do século XIX até meados do século XX. Essas mudanças podem ser observadas quando cotejamos textos tão díspares que versam sobre a fome, tal como no romance naturalista “A fome”, de Rodolfo Teófilo, escrito em fins do século XIX, onde os efeitos da fome são identificados no corpo, e textos como os do romance regionalista de 1930, quando a fome é vista como fenômeno social, tal como no romance “Vidas secas”, de Graciliano Ramos. Pretende-se, nessa perspectiva, fazer um mapeamento de como estes textos se articulam na produção de discursos e práticas políticas a partir de uma leitura qualitativa das fontes estéticas e científicas produzidas no período recortado por esta pesquisa. Como resultados esperados temos a produção de artigos, material didático e uma contribuição original para o estudo e erradicação da fome no Brasil.
Coordenadora: Kênia Sousa Rios